Comecemos pelas diferenças: alimentos in natura são obtidos diretamente de plantas ou de animais para o consumo, tais como folhas, frutas, verduras, legumes e ovos. Já os industrializados podem ser classificados como processados — produtos in natura que sofrem alterações como adição de sal, açúcar, óleo ou vinagre e/ou passam por processos como cozimento, secagem, fermentação e defumação — ou ultraprocessados, aqueles que sofrem com a adição de muitos ingredientes como sal, açúcar, óleos, gorduras, proteínas de soja, além de substâncias sintetizadas em laboratório, para estender a sua validade.

Na América Latina, a venda de ultraprocessados cresceu 8,3% (em calorias/per capita) de 2015 a 2019. E os produtos ultraprocessados mais consumidos na região — refrigerantes (22%), biscoitos (18%) e pães (22%) — são itens bastante frequentes nas mesas das famílias brasileiras.

Isso se dá, em parte, porque os processados muitas vezes são mais baratos (menor custo de produção), têm maior disponibilidade nos mercados e facilitam o preparo de refeições. E é ruim porque os alimentos in natura são mais recomendados para compor uma dieta saudável. Se uma população tem dieta mais baseada nos ultraprocessados, pode sofrer com a ingestão de quantidades insuficientes de nutrientes ou excessiva de calorias, o que pode causar doenças cardiovasculares, gastrointestinais, diabetes, câncer e até depressão.

A solução para atender às nossas necessidades nutricionais diárias é adotar uma dieta equilibrada. Não se deve atribuir a saudabilidade de hábitos alimentares a um único item, mas a um conjunto de fatores. Não é uma barra de chocolate que vai tornar uma dieta prejudicial, se seu consumo for associado à uma alimentação composta majoritariamente por alimentos in natura, nem é uma salada que preservará a saúde de um indivíduo sedentário, cuja base da alimentação são produtos ultraprocessados.

Outro ponto a ser considerado é que a produção dos alimentos industrializados em geral causa mais impactos negativos ao meio ambiente do que dos in natura, o que aponta na direção de que uma alimentação saudável tende a ter uma produção mais sustentável. Um estudo demonstrou que se os brasileiros adotassem uma dieta mais saudável, seriam poupadas milhões de toneladas de emissões de carbono ao ano, principalmente pela diminuição do consumo de carne bovina e de alimentos ultraprocessados.

COMO COMEÇAR

Prefira produtos in natura: sempre que possível, procure fazer compras em estabelecimentos que oferecem ampla variedade de alimentos in natura ou minimamente processados — como hortifrutis e feiras livres, por exemplo —, mais recomendados para compor uma dieta saudável. Ainda assim, a ingestão de industrializados não fará nenhum mal desde que feita com consciência, sem excessos, dentro dos limites nutricionais recomendados.

Publicação do Ministério da Saúde, de 2014, explica as diferenças entre alimentos in natura, processados e ultraprocessados e reúne 10 passos para uma alimentação adequada e saudável.

A publicação “Diálogo sobre Ultraprocessados” traz à tona os impactos gerados por esses alimentos na saúde humana e no meio ambiente, como uso exagerado de embalagens e altas taxas de emissão de gases poluentes.