O peixe é o alimento mais comercializado em vários países em desenvolvimento, como China, Indonésia e Peru, e aproximadamente 10% da população mundial depende diretamente da pesca para sobreviver. Nos últimos 50 anos, o consumo global de peixes e frutos do mar mais do que dobrou, e parte dessa demanda, infelizmente, é atendida pela atividade pesqueira ilegal e predatória.

Estima-se que 26 milhões de toneladas de peixes são retirados dos oceanos anualmente pela pesca ilegal — isso é mais que o dobro da produção da Indonésia, 2º país no ranking de volume de pesca do mundo. Segundo a Organização das Nações Unidos para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a pesca ilegal afeta 1 em cada 5 peixes capturados.

A atividade coloca em risco o equilíbrio da vida marinha pois não respeita o defeso (período de reprodução de cada espécie, quando a pesca deve ser paralisada) e nem cotas de captura. Ela ainda pode se caracterizar como sobrepesca, quando a quantidade capturada é maior do que a capacidade de reposição natural da espécie, podendo levar à sua extinção.

Outra grave ameaça está relacionada à pesca fantasma: para escapar da fiscalização, praticantes da pesca ilegal se livram de suas redes, jogando-as no mar. Muitas vezes, animais marinhos se prendem às redes abandonadas, podendo morrer. Todos os anos, 640 mil toneladas de redes fantasmas são abandonadas nos oceanos, capturando mais de 100 mil animais, dentre eles baleias, golfinhos, focas e tartarugas.

COMO COMEÇAR

Priorize a compra de peixes e frutos do mar certificados: assim, você tem a garantia de que eles são provenientes de uma cadeia produtiva sustentável, que segue as regras de pesca, protege as espécies e coloca em prática condições mais justas de trabalho. Procure pelos selos ASC (Aquaculture Stewardship Council) e MSC (Marine Stewardship Council).

Questione os restaurantes sobre a origem de seus pescados: pergunte se os produtos servidos são provenientes de cadeias produtivas sustentáveis. Caso presencie a compra ou o consumo de peixes ou frutos do mar provenientes da pesca ilegal, denuncie para a Fiscalização Ambiental do Ibama, a ouvidoria do Instituto de Pesca e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento.

Fique atento ao período de defeso: saiba quais espécies de pescado são indicadas para consumo em determinada época e quais devem ser evitadas no Guia de Consumo Responsável de Pescado, do WWF. E o site do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) traz informações sobre o período de defeso e as espécies proibidas de serem pescadas na região norte.